23.9.07

O Galo e a Coruja

Havia uma mangueira muito grande, casa de uma velha coruja. A coruja era pacata, e morava sozinha. Perto da frondosa árvore, vivia um galo galã. O galo galã era arrogante, e todas as manhãs ia até o pé da mangueira, respirava fundo, e berrava aos quatros cantos do mundo. Berrava com esplendor, até o peito se esvaziar e não sobrar nem ar, nem canto nenhum. Daí ele se recompunha e ia embora.

Certa manhã, a coruja pacata resolveu interromper o canto matinal do galo galã:

- Bom dia, seu galo galã. Cantas hoje? - perguntou.

- Canto sim senhora, pacata coruja, afinal, o mundo precisa do meu canto - respondeu o galo com um trejeito galã.

- Precisa? - provocou.

- Mas é claro. O sol, sozinho, não dá conta de acordar o homem - tornou o galo sabe-tudo.

- Pra isso é que o homem tem um relógio despertador. E me desculpe a indelicadeza, mas o aparelhinho é mais preciso que o senhor, senhor galo galã.

- Acontece, querida, que despertadores pifam.

- Ora pois! Galos também.

O galo fez uma carranca feiosa, cheia de desdém. Puxou ar até ficar todo roxo e cantou um canto que jamais cantara, de tão forte. Tão estridente e intenso fora o berro que o galo galã secou todinho o ar do pulmão, e ressequido e enrugado, caiu duro e seco no chão.

2 comentários:

aron disse...

ahuhauhauhuahuahuaahuahuahua
mto bom!!!

Bic Muller disse...

ahueruhahueuhauheha
tadinho do galo, morri de pena