Havia uma mangueira muito grande, casa de uma velha coruja. A coruja era pacata, e morava sozinha. Perto da frondosa árvore, vivia um galo galã. O galo galã era arrogante, e todas as manhãs ia até o pé da mangueira, respirava fundo, e berrava aos quatros cantos do mundo. Berrava com esplendor, até o peito se esvaziar e não sobrar nem ar, nem canto nenhum. Daí ele se recompunha e ia embora.
Certa manhã, a coruja pacata resolveu interromper o canto matinal do galo galã:
- Bom dia, seu galo galã. Cantas hoje? - perguntou.
- Canto sim senhora, pacata coruja, afinal, o mundo precisa do meu canto - respondeu o galo com um trejeito galã.
- Precisa? - provocou.
- Mas é claro. O sol, sozinho, não dá conta de acordar o homem - tornou o galo sabe-tudo.
- Pra isso é que o homem tem um relógio despertador. E me desculpe a indelicadeza, mas o aparelhinho é mais preciso que o senhor, senhor galo galã.
- Acontece, querida, que despertadores pifam.
- Ora pois! Galos também.
O galo fez uma carranca feiosa, cheia de desdém. Puxou ar até ficar todo roxo e cantou um canto que jamais cantara, de tão forte. Tão estridente e intenso fora o berro que o galo galã secou todinho o ar do pulmão, e ressequido e enrugado, caiu duro e seco no chão.
2 comentários:
ahuhauhauhuahuahuaahuahuahua
mto bom!!!
ahueruhahueuhauheha
tadinho do galo, morri de pena
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